19 agosto 2012

Temos de Ter Novamente uma Liderança Espiritual - A. W. Tozer




Temos de Ter Novamente uma Liderança Espiritual
A. W. Tozer

Alguém escreveu ao piedoso Macário, de Optino, que o conselho espiritual que ele dera tinha sido de muita ajuda. "Isso não é verdade" - Macário escreveu em resposta. - “Somente as falhas são minhas. Todo bom conselho foi o Espírito Santo que deu; eu apenas pude captá-lo de forma correta e passei-o adiante sem distorcê-lo”.

Há uma excelente lição aqui que não podemos deixar passar desapercebida. É a afável humildade daquele homem de Deus. "Somente as falhas são minhas." Ele estava totalmente convencido de que os seus próprios esforços dariam como resultado apenas falhas, e de que toda boa coisa que proviera do seu conselho era uma obra do Espírito operando nele. Aparentemente isso foi mais do que um simples impulso de autodepreciação, que o mais orgulhoso dos homens toma de vez em quando. O que aconteceu foi, antes, uma convicção firme que ele tinha, uma convicção que norteava toda a sua vida. Seu longo ministério, desenvolvido com humildade, que contribuiu para a vida espiritual de multidões, revela isso com clareza mais do que suficiente.

Nos dias de hoje, em que "figurões" que se projetam por aí levam a obra de Deus segundo os métodos do mundo dos espetáculos, como é bom trazermos, mesmo que por um momento, às páginas de um livro, um homem sincero e humilde que não procura projetar-se diante dos outros e que coloca toda ênfase na obra que Deus nele tinha realizado. Creio que o movimento evangélico prosseguirá em seu desvio, cada vez mais, da posição neotestamentária, até que a sua liderança abandone a postura das estrelas espirituais dos dias de hoje, tornando-se santos que a si mesmos se diminuam, e que não estejam buscando louvor algum nem posição nenhuma, e que se satisfaçam tão somente quando toda a glória é atribuída a Deus, sendo eles mesmos totalmente esquecidos.

Até que apareçam de novo homens desse quilate para assumir a liderança espiritual da igreja, a nossa expectativa será a de uma progressiva deterioração na qualidade do cristianismo das pessoas em geral, até que alcancemos o ponto em que o Espírito Santo, entristecido, retire-se tal como a glória de Deus retirou-se do templo, e assim fiquemos como Jerusalém depois da crucificação: desertada por Deus e só. Apesar de todo esforço feito para distorcer a doutrina para provar que o Espírito não abandonará os homens religiosos, pelo que temos visto está claro que às vezes o Espírito age dessa forma. No passado ele abandonou grupos que tinham ultrapassado o ponto de retorno para se recuperarem.

É uma questão ainda não definida essa a de ter, ou não, o movimento evangélico pecado  demasiadamente e ter se afastado de Deus além do ponto de uma volta para a sanidade espiritual. Pessoalmente creio não ser tarde demais para que haja arrependimento, se apenas os assim chamados cristãos de hoje repudiarem toda má liderança e buscarem a Deus de novo em verdadeiro arrependimento e com lágrimas. O "se" desta frase é que é o grande problema: será que eles agirão dessa forma? Ou será que eles se encontram totalmente satisfeitos, brincando de ser cristãos, e nem se dão conta do seu triste desvio em relação à fé do Novo Testamento? Se isso é verdade, então nada nos resta a não ser o juízo de Deus.

O que o diabo constantemente faz é valer-se de coisas que chamam muito a atenção, mas que não têm valor algum. Ele sabe muito bem como desviar a atenção do intercessor cristão dos ataques sutis, porém mortais, que ele faz, de forma a que se dediquem a questões mais óbvias e menos danosas. Então, quando os soldados do Senhor reúnem-se, animados, diante duma porta, ele entra por outra, sem ser notado. E quando os "santos" perdem o interesse pela coisa com que o diabo lhes atraía a atenção, então eles voltam e encontram o recém-batizado e devoto inimigo conduzindo os acontecimentos. A tal ponto deixaram de reconhecê-lo que logo adotam seus modos de agir e o chamam de progresso.

 Nos últimos vinte e cinco anos temos visto realmente uma mudança muito grande nas crenças e nas práticas da igreja evangélica, algo tão radical e inusitado que quase não dá para crer, e tudo tem acontecido de maneira acobertada por uma ardente ortodoxia. Com uma Bíblia debaixo do braço e um pacote de folhetos no bolso, as pessoas religiosas agora se reúnem para prestar "cultos" tão carnais, tão pagãos, que mal se diferenciam dos velhos espetáculos de vaudeville de outros tempos. E quando um pregador ou um editor se dispõe a denunciar essa heresia, o que ele está fazendo é dar margem para ser ridicularizado e insultado de todo lados. 

Nossa única esperança é que uma renovada pressão espiritual venha a ser exercida de forma crescente por homens corajosos e despretensiosos que nada desejem a não ser a glória de Deus e a purificação da igreja. Que Deus nos envie homens assim, em grande quantidade. Eles já estão atrasados.

13 agosto 2012

"Princípio de adoração: vidas desprendidas desta vida!" - Juarez I. S. Júnior



“Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás.” - Mateus 4:10

No grego do Novo Testamento, o verbo utilizado para adorar é PROSKYNÊO, que significa, além de adorar, beijar. PROSKYNÊO vem de PRÓSOPON = rosto, face, cara; PRÓSOPON vem de PRÓ+OPS= entre os olhos, fronte. Logo, adorar significa beijar a Face de Deus entre Seus olhos. 

Êxodo 33:18-23 relata um 

dos diálogos que mexem com as minhas entranhas, Moisés clama que o Senhor mostre sua glória e a resposta de Deus para ele, foi: "Sim, te mostrarei a minha glória, porém, minha face não verás, pois certamente o homem que ver a minha face, morrerá" (paráfrase)... Como base nesse texto e como o entendimento do que significa "adoração", podemos afirmar que o principio da verdadeira adoração é: Um coração rendido, que não se importa com mais nada, disposto até mesmo a morrer, desde que possa encontrar a Deus e beija-lo entre os olhos!

O Apóstolo Paulo entendeu isso ao dizer que tinha o viver Cristo e a morte por ganho (Filipenses 1:21) e também ao considerar todas as coisas por perda, para conhecer a Cristo (Filipenses 3:7-11). No exemplo de Paulo, em uma maneira bem simples, podemos entender então que adoração não se tratar apenas de cantar canções, mas sim, novamente repito, uma vida rendida a Cristo de tal maneira, que nada mais importa, a não ser conhecer a Ele, ser conformado a Ele. Uma vida que o adore, uma vida que é dEle, nEle, por Ele e para Ele!

Trata-se do coração! Por toda a bíblia vemos Deus rejeitando a adoração, o sacrifício, a circuncisão do seu povo, porque era algo apenas da carne, algo apenas externo, mas o coração estava corrompido. No Salmos 24 diz exatamente como será a geração que adora de verdade: "Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? AQUELE QUE É LIMPO DE MÃOS E PURO DE CORAÇÃO; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente... ...Tal é a geração daqueles que o buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó." - Salmos 24:3-4 e 6 - lembrando ainda de Mateus 5:8 - "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus."

Deus receberá adoração dos que são puros de coração, que se santificaram na verdade da Palavra de Deus (João 17:17), dos que sem exitar buscam a face de Deus, cientes de que o encontro com Ele resultará em nossa morte! Homens que querem viver, jamais adorarão em verdade. Homens que amam essa terra e essa vida, jamais adorarão em verdade!

Não se pode beijar alguém a distancia, não se pode beijar o rosto de Deus se os seus olhos estão voltados para outras coisas e não para a face dEle! Não se pode beijar a Deus de costa para Ele!

Princípio de adoração: vidas desprendidas desta vida!

Não busque as mãos que abençoam, busque a face, busque os olhos que consomem como fogo!

O olhos de Deus são como chamas de fogo (Apocalipse 1:14), que sejamos adoradores incendiados por esse fogo!

Amém!