27 dezembro 2012

MISSIONÁRIOS MORAVIANOS - "APAIXONADOS POR CRISTO"



John Leonard Dober e David Nitschman são nomes que você talvez não reconheça imediatamente. John era artesão e David um carpinteiro. Ocupações comuns para homens extraordinários. Ambos eram pastores da igreja reformista da Morávia (hoje República Tcheca), a Igreja Moraviana. John Leonard Dober e David Nitschman são heróis esquecidos. Bem, quase esquecidos. Suas palavras finais antes de partir em sua missão são a letra de uma linda música recente de Cindy Ruakere; “Receive” (Que o Cordeiro Receba).

Dober e Nitschman se venderam como escravos para responder ao chamado de ministrar o Evangelho. Conheça a história de John Leonard Dober e David Nitschman.

Eles eram da Igreja cristã Moraviana, o primeiro movimento cristão reformista carismático fundado em 1457 na região da Boêmia, que hoje é a República Tcheca e que se originou da pregação de Jan Hus.

Jan Hus e o cisne que não será queimado

Jan Hus era um padre e pensador tcheco, professor universitário de artes e teologia, e reitor da Universidade de Praga. Hus iniciou um movimento reformista cristão baseado nas ideias de John Wycliffe. Por suas idéias, Hus foi preso e queimado vivo na cidade de Constança (Konstanz, Alemanha) em 6 de julho de 1415.

A tradição conta que Hus mencionou a seguinte frase aos seus executores, antes de ser queimado: “Vocês estão hoje queimando um ganso (Hus significa “ganso” em tcheco) mas em um século, vocês encontrarão um cisne. E esse cisne vocês não conseguirão queimar”.


Esse cisne foi o cristão alemão Martinho Lutero, que 102 anos depois de Hus publicou suas 95 teses em Wittemberg. O próprio Lutero escreveu o prefácio do livro de Jan Hus “Cartas de Jan Hus Escritas Durante seu Exílio e Prisão”. Veja o prefácio desse livro aqui, em sua tradução inglesa do ano de 1846. É por causa dessa frase de Jan Hus que o símbolo de Lutero é um cisne.

Escravos por Deus

De volta aos missionários da Igreja Moraviana: John Leonard Dober e David Nitschman ambos nasceram na Morávia que hoje é parte da República Tcheca. David nasceu em 18 de Dezembro de 1695 na cidade de Suchdol nad Odrou. Tanto David quanto John Leonard sentiram a necessidade de levar a palavra de Deus a outros continentes.

A nacionalidade do rebanho pouco importa para Cristo! Mas para fins históricos, fica o registro de que Dober e Nitschmann eram tchecos e não alemães. É que entre 1520 e 1918, o reino tcheco estava ocupado pelos austríacos, de fala alemã. Portando a igreja Moraviana criada no reino tcheco, fruto da obra de Jan Hus, estava em território austríaco. Quando os missionários moravianos sairam pelo mundo, eram considerados austríacos. E como falavam alemão (bem mais fácil de entender do que o tcheco materno!) então…todo mundo pensava que eram austríacos ou alemães. Mas o próprio nome de sua comunidade, moravianos, mostra claramente que se tratava de tchecos. Depois, com o tempo, muitos de outras nacionalidades se juntaram aos moravianos na luta por Cristo. Independente de onde nasceram, que Deus os abençoe!

David Nitschmann e John Leonard escreveram a um fazendeiro britânico, que também era governador das Ilhas Virgens Britânicas (no Caribe), e pediram sua permissão para evangelizar os escravos negros que trabalhavam em suas terras. Esse fazendeiro era ateu e respondeu a John e David: “Jamais permitirei qualquer pregação religiosa em minhas terras”.

David and John então propuseram ao fazendeiro que eles queriam se vender como escravos para ele. Se ele aceitasse, que então comprasse os dois. O senhor de terras aceitou. Com o dinheiro pago pela venda de sua liberdade, David e John Leonard compraram as passagens de navio até as Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe.

Que o Cordeiro que foi morto receba a recompensa por seu sofrimento!

Eles deixaram a segurança de suas casas e famílias e embarcaram no porto de Copenhague para se tornarem os dois primeiros missionários da Igreja Moraviana em 1732.

Quando o navio partia do cais, a esposa e filhos de David Nitschmann imploraram no porto para que eles desistissem, e ficassem em casa. Mas o chamado e o coração de Deus para esses agora escravos nas Índias Ocidentais (Caribe) foi ainda maior que o chamado de casa. Enquanto o navio saía das docas os dois gritaram do navio: “Que o Cordeiro que foi morto receba a recompensa por Seu sofrimento.”

Esse grito se tornou o lema do movimento das missões da Igreja Moraviana. Os dois sentiram que seu sacrifício era minúsculo em comparação ao sacrifício de seu Salvador. Eles amavam Jesus com tudo o que podiam, e queriam andar em obediência, sabendo que o Deus que lhes chamava é o Deus que dá coragem, graça e a benção para a tarefa. Eles experimentaram e modelaram a verdade expressa por Paulo em Filipenses 4:13 “Eu posso fazer tudo através de Cristo, que me dá forças.”

Esses dois homens criaram um movimento missionário, não com conversas vazias, mas ao viver segundo a mensagem do Cristo.

Eles viveram o “Vá e evangelize”, ordem principal de Jesus para todos nós seus seguidores. John Leonard Dober e David Nitschman inspiraram sua geração e as gerações futuras a dar suas vidas pelo Cordeiro.

Como se descobriu, nenhum dos dois teve de se vender à escravidão. O inglês Governador da ilha não permitiu isso. Sua atitude com os escravos negros era tal que ele jamais permitiria um branco ser escravizado junto dos discriminados negros. Os missionários chegaram em Saint Thomas, capital das Ilhas Virgens Britânicas, em dezembro de 1732.

Primeiro David Nitschmann sustentou os dois trabalhando como carpinteiro, mas ele só viveu em Saint Thomas por quatro meses e depois partiu para a América do Norte. Dober tentou viver com o artesanato, mas não havia barro bom para fabricar vasilhames. Ele conseguiu, no entanto, um trabalho como gerente da mansão do Governador, e depois como vigia, o que o permitiu viver junto dos escravos para evangelizá-los.

Em 1734, um grupo de 18 missionários chegou para ajudar e divulgar o trabalho missionário nas ilhas vizinhas de Santa Cruz, São João e outras.

Não foram férias no Caribe

Hoje o Caribe é um destino turístico famoso e com muita infraestrutura. Na época dos missionários da Igreja Moraviana David Nitschman e John Leonard Dober as condições de vida eram difíceis, e muitos deles morreram.

De fato, missionários Morávios partindo da Europa para missões no Caribe sempre levavam duas coisas com eles: uma Bíblia, e sua própria lápide mortuária para seu enterro. Isso por que não há pedras nessa ilha do Caribe. E os missionários sabiam que a maioria deles jamais voltaria para casa com vida devido às duras condições de vida. Ainda assim, os missionários morávios foram em grande número! Que exemplo de dedicação ao trabalho de Deus!

Dober eventualmente voltou à Europa como parte da chefia administrativa da Igreja Moraviana. Nitschmann retornou à Hernhutt, na Alemanha, para a felicidade de sua esposa e filhos.

A Igreja Moraviana e a Igreja Metodista

Em 13 de março de 1735 David Nitschmann foi ordenado bispo da Igreja Moraviana, e liderou um grupo de Morávios para fundar uma colônia na América do Norte, no que hoje é o estado da Geórgia (EUA).

E aqui conto uma parte interessante da história: Durante a viagem do grupo de morávios, o navio encontrou um furacão (5 de fevereiro de 1736). Como você pode imaginar, houve pânico a bordo, exceto entre o grupo de missionários da Igreja Moraviana liderado por Nitschmann. Ao invés de entrar em pânico, eles cantaram hinos de louvor a Deus e mantiveram a calma.

Um dos passageiros que não fazia parte do grupo de missionários Morávios (era de fé Anglicana) ficou muito impressionado com essa demonstração de fé. Chegando em terra, ele decidiu acompanhar a viagem dos Morávios, e depois voltou para a Europa e estudou com eles na Inglaterra.

Em 28 de fevereiro de 1736 David Nitschmann ordenou Anthony Seifferth como o primeiro bispo protestante na história dos Estados Unidos.

Aquele passageiro do navio, o anglicano, estava lá durante a cerimônia de ordenação do bispo protestante Anthony Seifferth e ficou tão impressionado com a simplicidade e solenidade da ocasião que ele imaginou estar em uma das assembleias presididas pelos apóstolos de Cristo.

Esse anglicano e amigo dos missionários da Igreja Moraviana era ninguém menos que John Wesley, que depois fundou a Igreja Metodista.

O bispo e missionário morávio David Nitschmann fundou a cidade de Belém (Bethlehem), na Pensilvânia (EUA) em 1741. Ele foi ao encontro do Senhor no dia 5 de outubro de 1772.

O movimento missionário da Igreja Moraviana é considerado por muitos como o primeiro e mais dramático movimento missionário protestante da história.

No desenho histórico acima, vemos o momento do culto onde os reformistas moravianos se prostravam perante Deus.

Centenas de cristãos da Igreja Moraviana foram até os confins do mundo em muitos continentes, muitas vezes levando suas roupas e pertences dentro de caixões em vez de malas, por que eles sabiam que nunca voltariam com vida para suas casas.

A grande maioria dos missionários da Igreja Moraviana morreu de doenças tropicais. Mas eles foram as sementes plantadas na terra, para que outros cuidassem e para que Deus colhesse a boa colheita.

O trabalho dos Morávios John Leonard Dober e David Nitschmann deu muitos frutos. Seu campo de trabalho nas Ilhas Virgens britânicas no Caribe hoje é conhecido como a Província das Índias Ocidentais do Leste.

Há 52 congregações morávias progredindo hoje em dia. A Igreja Moraviana se chama oficialmente “Unitas Fratrum” (Irmandade Unida) está estabelecida e organizada nas seguintes regiões/países:

Alasca
América (do Norte): o Canadá e os Estados do norte do E.U.A.
América (do Sul): Estados do sul do E.U.A.
Ilhas Britânicas: Inglaterra e Irlanda do Norte; pequeno número de seguidores em Dublin, na República da Irlanda
Congo
Costa Rica
República Checa
Ocidentais: Trinidade e Tobago, Barbados, Antigua, St. Kitts, e as Ilhas Virgens incluindo St. Croix, St. John, St. Thomas e Tortola.
Europa continental: Alemanha, Holanda, Dinamarca, Suécia, Suíça
Guiana
Honduras
Jamaica
Labrador
Nicarágua
África do Sul
Suriname
Tanzânia (Rukwa)
Tanzânia (Sul)
Tanzânia (Sudoeste)
Tanzânia (Ocidental)
Zâmbia

“Que o Cordeiro receba a recompensa por Seu sofrimento!”, já diziam David Nitschmann e John Leonard Dobe! E quando você hoje canta a música “Que o Cordeiro receba” em sua congregação, você agora sabe como tudo começou.

18 dezembro 2012

Jeremy Riddle - "Our Father" (Bethel Church)



"Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" - Mateus 6:9-10
 

17 dezembro 2012

"A Maior Salvação Imaginável" - Boas Novas de Grande Alegria -- John Piper


“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” — João 10:10

Deus é justo, santo e separado de pecadores como nós. Este é nosso principal problema no Natal e em qualquer outra época do ano. Como nos reconciliaremos com um Deus justo e santo?

Ainda assim, Deus prometeu em Jeremias 31 (quinhentos anos antes de Cristo) que um dia ele faria algo novo. Ele substituiria as sombras pela Realidade do Messias. E ele poderosamente se moveria para dentro de nossas vidas e escreveria sua vontade em nossos corações para que não fôssemos constrangidos pelo exterior, mas dispostos do interior a amá-lo, confiar nele, e segui-lo.

Essa seria a maior salvação imaginável — se Deus nos oferecesse a maior Realidade no universo para desfrutar e então mover-se em nós para que pudéssemos vê-la de maneira que pudéssemos desfrutá-la com a maior liberdade e alegria possíveis. Esse seria um presente de Natal digno de ser cantado.

Isso é, de fato, o que ele prometeu. Mas havia um enorme obstáculo. Nosso pecado. Nossa separação de Deus por causa de nossa injustiça.

Como um Deus santo e justo tratará a nós pecadores com tal bondade a ponto de nos dar a maior Realidade do universo (seu Filho) para nos deleitarmos com a maior alegria possível?
A resposta é que Deus colocou nossos pecados em seu Filho, e os julgou lá, para que ele pudesse tirá-los de sua mente e lidar conosco misericordiosamente e permanecer justo e santo ao mesmo tempo. Hebreus 9:28 diz que “Cristo foi oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos.”

Cristo suportou nossos pecados em seu próprio corpo quando morreu. Ele tomou nosso julgamento. Ele cancelou nossa culpa. E isso significa que nossos pecados se foram. Eles não permanecem na mente de Deus como base para condenação. Nesse sentido, ele os “esquece”. Eles são consumidos na morte de Cristo.

O que significa que Deus está agora livre, em sua justiça, para nos cobrir com a nova aliança. Ele nos dá Cristo, a maior Realidade do universo, para nossa satisfação. E ele escreve sua própria vontade — seu próprio coração — em nossos corações para que possamos amar a Cristo, confiar em Cristo e seguir a Cristo de dentro para fora, com liberdade e alegria.