Temos
de Ter Novamente uma Liderança Espiritual
A. W. Tozer
Alguém escreveu ao piedoso Macário, de Optino, que o
conselho espiritual que ele dera tinha sido de muita ajuda. "Isso não é verdade"
- Macário escreveu em resposta. - “Somente as falhas são minhas. Todo bom
conselho foi o Espírito Santo que deu; eu apenas pude captá-lo de forma correta
e passei-o adiante sem distorcê-lo”.
Há uma excelente lição aqui que não podemos deixar passar
desapercebida. É a afável humildade daquele homem de Deus. "Somente as
falhas são minhas." Ele estava totalmente convencido de que os seus
próprios esforços dariam como resultado apenas falhas, e de que toda boa coisa
que proviera do seu conselho era uma obra do Espírito operando nele.
Aparentemente isso foi mais do que um simples impulso de autodepreciação, que o
mais orgulhoso dos homens toma de vez em quando. O que aconteceu foi, antes,
uma convicção firme que ele tinha, uma convicção que norteava toda a sua vida.
Seu longo ministério, desenvolvido com humildade, que contribuiu para a vida
espiritual de multidões, revela isso com clareza mais do que suficiente.
Nos dias de hoje, em que "figurões" que se
projetam por aí levam a obra de Deus segundo os métodos do mundo dos espetáculos,
como é bom trazermos, mesmo que por um momento, às páginas de um livro, um
homem sincero e humilde que não procura projetar-se diante dos outros e que
coloca toda ênfase na obra que Deus nele tinha realizado. Creio que o movimento
evangélico prosseguirá em seu desvio, cada vez mais, da posição neotestamentária,
até que a sua liderança abandone a postura das estrelas espirituais dos dias de
hoje, tornando-se santos que a si mesmos se diminuam, e que não estejam
buscando louvor algum nem posição nenhuma, e que se satisfaçam tão somente
quando toda a glória é atribuída a Deus, sendo eles mesmos totalmente esquecidos.
Até que apareçam de novo homens desse quilate para
assumir a liderança espiritual da igreja, a nossa expectativa será a de uma progressiva
deterioração na qualidade do cristianismo das pessoas em geral, até que
alcancemos o ponto em que o Espírito Santo, entristecido, retire-se tal como a
glória de Deus retirou-se do templo, e assim fiquemos como Jerusalém depois da
crucificação: desertada por Deus e só. Apesar de todo esforço feito para
distorcer a doutrina para provar que o Espírito não abandonará os homens religiosos,
pelo que temos visto está claro que às vezes o Espírito age dessa forma. No
passado ele abandonou grupos que tinham ultrapassado o ponto de retorno para se
recuperarem.
É uma questão ainda não definida essa a de ter, ou não, o
movimento evangélico pecado demasiadamente
e ter se afastado de Deus além do ponto de uma volta para a sanidade
espiritual. Pessoalmente creio não ser tarde demais para que haja
arrependimento, se apenas os assim chamados cristãos de hoje repudiarem toda má
liderança e buscarem a Deus de novo em verdadeiro arrependimento e com
lágrimas. O "se" desta frase é que é o grande problema: será que eles
agirão dessa forma? Ou será que eles se encontram totalmente satisfeitos,
brincando de ser cristãos, e nem se dão conta do seu triste desvio em relação à
fé do Novo Testamento? Se isso é verdade, então nada nos resta a não ser o juízo
de Deus.
O que o diabo constantemente faz é valer-se de coisas que
chamam muito a atenção, mas que não têm valor algum. Ele sabe muito bem como
desviar a atenção do intercessor cristão dos ataques sutis, porém mortais, que
ele faz, de forma a que se dediquem a questões mais óbvias e menos danosas.
Então, quando os soldados do Senhor reúnem-se, animados, diante duma porta, ele
entra por outra, sem ser notado. E quando os "santos" perdem o
interesse pela coisa com que o diabo lhes atraía a atenção, então eles voltam e
encontram o recém-batizado e devoto inimigo conduzindo os acontecimentos. A tal
ponto deixaram de reconhecê-lo que logo adotam seus modos de agir e o chamam de
progresso.
Nos últimos vinte e cinco anos temos visto realmente uma mudança muito grande nas crenças e nas práticas da igreja evangélica, algo tão radical e inusitado que quase não dá para crer, e tudo tem acontecido de maneira acobertada por uma ardente ortodoxia. Com uma Bíblia debaixo do braço e um pacote de folhetos no bolso, as pessoas religiosas agora se reúnem para prestar "cultos" tão carnais, tão pagãos, que mal se diferenciam dos velhos espetáculos de vaudeville de outros tempos. E quando um pregador ou um editor se dispõe a denunciar essa heresia, o que ele está fazendo é dar margem para ser ridicularizado e insultado de todo lados.
Nos últimos vinte e cinco anos temos visto realmente uma mudança muito grande nas crenças e nas práticas da igreja evangélica, algo tão radical e inusitado que quase não dá para crer, e tudo tem acontecido de maneira acobertada por uma ardente ortodoxia. Com uma Bíblia debaixo do braço e um pacote de folhetos no bolso, as pessoas religiosas agora se reúnem para prestar "cultos" tão carnais, tão pagãos, que mal se diferenciam dos velhos espetáculos de vaudeville de outros tempos. E quando um pregador ou um editor se dispõe a denunciar essa heresia, o que ele está fazendo é dar margem para ser ridicularizado e insultado de todo lados.
Nossa única esperança é que uma
renovada pressão espiritual venha a ser exercida de forma crescente por homens
corajosos e despretensiosos que nada desejem a não ser a glória de Deus e a purificação
da igreja. Que Deus nos envie homens assim, em grande quantidade. Eles já estão
atrasados.