13 abril 2011

Avivamento - Uma reflexão de Martin Lloyd-Jones

"Não nos é difícil responder a pergunta: para que somos chamados hoje? E óbvio que devemos concentrar as nossas energias na Igreja, e que a maior necessidade é o avivamento e o despertamento da Igreja. E nela, e muitas vezes por meio de indivíduos pertencentes a ela, que os grandes movimentos espirituais sempre tiveram início. Quando a Igreja age no poder e na força do Espírito Santo, faz mais num dia do que doutro modo faria em anos por meio de todas as suas atividades, sem o Espírito. Finalmente, todos os nosso temores pelo futuro da Igreja e da religião, o nosso sentimento de desesperança ao vermos o mundo afundando cada vez mais no pecado e na vaidade, a nossa inclinação para multiplicar organizações, comitês e movimentos brota da mesma cegueira, a saber, a nossa falta de fé nas operações do Espírito Santo.

Então, que podemos fazer? A primeira coisa é compreender que nunca podemos criar um avivamento; todavia, depois de chegarmos a esse ponto, temos muito para fazer.

Se eu tivesse que expressar tudo isso numa só sentença, eu diria que o que é necessário é que esqueçamos completamente o século dezenove e que façamos um minucioso estudo do princípio do século dezoito. Se fizéssemos isso, aprenderíamos lições muito especiais. Acima de tudo o mais, veríamos que o primeiro passo não é rebaixar, mas sim, elevar o padrão requerido dos membros da Igreja. Devemos recapturar a idéia de que ser membro da Igreja é ser membro do corpo de Cristo, e de que esta é a maior honra que pode vir ao encontro do homem neste mundo. Por meio da disciplina, devemos aclamar a relação de membro da comunidade e devemos tornar a ressaltar a verdade de que Deus dá o Espírito Santo somente "àqueles que lhe obedecem" (Atos 5:32). A necessidade não é de aumentar a atração, mas proclamar que "estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida" (Mateus 7:14). Possivelmente, isto significa que muitos recuarão das igrejas e as abandonarão; e do ponto de vista da estatística, dos relatórios e das coletas, tudo parece sem esperança, e os que procuram manter vivas as igrejas temem. Contudo, igualmente certo, a Palavra do Senhor se cumprirá: "qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará" (Lucas 9:24). Como Paulo em Atenas, há muito tempo, devemos compreender que a nossa obra não consiste em argumentar acerca da verdade, e sim, declará-la e proclamá-la com autoridade. Não devemos somente fazer que o povo venha a ter interesse pela verdade, e apelar apenas para as suas mentes; não é esse o nosso dever, mas, antes, é despertar as suas consciências proclamando o juízo de Deus sobre o pecado e a ira de Deus contra "toda a impiedade e injustiça dos homens" (Romanos 1:18), e exortá-los a fugirem da ira vindoura. Devemos convencer os homens da verdade da extrema importância do lado espiritual da vida, de um mundo eterno e de um destino eterno. Ninguém verá a necessidade que tem do Senhor Jesus Cristo como Salvador, senão a pessoa que se viu a si mesma como perdida diante de Deus; e o único motivo verdadeiro para ter-se uma vida moral e digna é a gratidão a Deus e a percepção de que um dia estaremos diante dEle.

Este é o chamamento dirigido aos crentes hoje: devemos tomar consciência da nossa indignidade perante Deus, da distância que nos separa dos santos das eras passadas, da nossa terrível dessemelhança dos cristãos do Novo Testamento; depois devemos arrepender-nos e reconsagrar-nos a Deus em Cristo, e devemos assegurar-nos de que a religião regule as nossas vidas. Mais do que qualquer coisa, porém, devemos aperceber-nos de que o estado do mundo é tal, que nada, senão o poder do Espírito Santo pode curá-lo, e a tal ponto devemos sentir isso, que sejamos levados a dobrar os joelhos em oração a Deus, rogando-Lhe que, em Sua misericór¬dia, Ele olhe para nós com piedade e, por Seu grande nome, envie um poderoso avivamento entre nós. Esse é o único meio, essa é a única esperança, porque aos homens é impossível, mas não a Deus, pois "a Deus tudo é possível" (Mateus 19:26)".

Martin Lloyd-Jones

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